sexta-feira, 10 de março de 2017

Parabéns mulheres!



     A diarista Dulcineia dos Santos de Souza, 40 anos, mora com dois filhos. Às seis da manhã ela e a caçula saem apressadas para não perderem o ônibus. A menina vai para a escola enquanto Dulcineia irá encarar mais um dia de rotina nas faxinas em domicílio. Essa família é mais uma entre as milhares que residem em um dos conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida - em Salvador (BA) - construído para pessoas que moravam em imóveis com risco de desabamento ou alagamento, aluguel, desempregados, autônomos, assalariados e até mesmo para ex-moradores de rua. Apesar das benfeitorias existentes no conjunto, basta observar as áreas de circulação e perceber que ainda não há um acordo entre síndicos, síndico geral, Prefeitura Municipal e Governo Federal para a organização dos espaços comerciais. 
     Na abertura da série que homenageia as mulheres durante todo o mês de março, aprecie a conversa com essa trabalhadora, negra, participante ativa do Terreiro Olobirin Ruinati Jade Odo (mulher que ressuscita os mortos das profundezas) localizado no bairro Valéria. Texto e foto: Capinan Junior, SRTE 3612 BA. 

     CJ: - Qual o seu sonho? O que você gostaria de realizar na sua vida que ainda não fez?
     DSS: - Eu queria ter uma agência de domésticas porque tem muita mulher querendo trabalhar e não consegue trabalho.

     CJ: - Você acredita na possibilidade de um relacionamento de pessoas que se conhecem pela internet?
     DSS: - Eu não queria não, você conhecer pessoalmente já dá trabalho, imagine uma pessoa pela internet. Pela internet o povo fala que é Deus, que é isso que é aquilo, quando você vai ver, conviver com a pessoa, você conhece, apesar que conviver a dois é difícil, de ambos os lados, cada um tem seu temperamento, seu jeito, você quer uma coisa o outro quer outra, sempre alguém tem que ceder e se os dois forem teimosos, ninguém cede, é só briga. Pessoalmente quando você conhece, você observa a pessoa. Imagine você conhecer pela internet, feito uma mulher que passou na televisão que viajou do Brasil e foi para o Japão, foi conhecer o homem, chegou lá se decepcionou com o homem, ele nem foi no aeroporto buscar ela. Eu acredito no amor pela primeira vez se você olhar a pessoa, todo dia um ficar olhando pro outro, dentro do ônibus, na rua, mas internet não acredito não.

     CJ: - Quando você ouve músicas de pagode ou funk que desqualificam a mulher, você se sente ofendida? 
     DSS: - Eles estão falando que hoje em dia a mulher só serve para sexo para o homem, os homens hoje em dia só querem a mulher para sexo, não gostam da mulher. Ele não vê qualidade, nem beleza e nem defeito. Antigamente o homem observava a qualidade da mulher e os defeitos que a mulher tinha, hoje em dia eles olham o corpo, se a mulher é gostosa, se ele acha a mulher gostosa ele quer, ele não quer saber de qualidades, se a mulher é prendada. Imagina, meu #$% te ama. Quem ama, como Vando fala na música, que o homem tem dois corações, o de cima e o de baixo, o de cima gosta de uma pessoa só, mas o pênis e a vagina quando bate a atração física, você pega qualquer um, você tem um relacionamento, uma aventura que atrapalha sua vida. A pessoa se tiver cabeça não vai cair na aventura porque ela sabe que ali é uma aventura, então só é sexo, não é amor, não é companheirismo, não é nada, então esses caras que cantam essas músicas eles só querem uma aventura, é tudo vazio por dentro e nada sério, porque não é ele que ama a mulher, ele gosta do sexo que a mulher faz, se a outra fizer melhor, ele quer a outra, não quer mais ela.